sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Etanol de tudo?

Tudo é exagero, mas pode-se dizer que hoje em dia é possível produzir etanol de quase tudo. As últimas novidades vêm da cidade de Lane, que fica no Estado de Oklahoma, nos EUA. Segundo o Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (Isaaa, na sigla em inglês), pesquisadores do Serviço de Pesquisa Agrícola (ARS, sigla em inglês) descobriram que possível produzir o combustível a partir do açúcar encontrado no suco da melancia. E a boa notícia é que cerca de 20% da produção norte-americana de melancia não chega a ser colhida por causa de manchas externas. Ou seja, estas frutas que apodreceriam no campo poderiam ganhar um fim nobre: a fabricação de etanol.

As pesquisas demonstraram que uma melancia de 20 libras pode produzir 1,4 libra de açúcar a partir da polpa e da casca, o que resultaria em sete décimos de libra de etanol. Para extrair todo o açúcar, os pesquisadores estão tentando decompor a casca com materiais químicos e tratamentos enzimáticos. Eles também estão avaliando diferentes combinações de temperatura e leveduras para otimizar o processo.

Mas o etanol de melancia não é a única novidade no mundo das pesquisas. De acordo com o Isaaa, cientistas da unidade de cítrus e produtos tropicais, localizada em Winter Haven, na Flórida, descobriram que as cascas de frutas cítricas, antes usadas como ração animal, também podem servir de matéria-prima para a produção do combustível. Para se ter uma ideia, só na Flórida, o resíduo seco das cascas de laranja chega a 1,2 milhão de toneladas por ano, montante que pode resultar na produção de cerca de 300 milhões de litros de etanol. 300 milhões de litros de etanol é a capacidade anual de produção da Flórida, a partir das cascas de laranja

As possibilidades de matériasprimas não se esgotam aí. Cabe lembrar que Ron Paul, que foi candidato às prévias presidenciais dos EUA pelo Partido Republ i cano, tinha como um dos lemas de sua campanha a liberação da maconha. Para quê? Segundo o congressista, a planta é capaz de produzir mais etanol que o milho. Enfim, num contexto em que o mundo busca alternativas para não depender do petróleo, qualquer hipótese merece ser levada em consideração. Tanto é que já há pesquisas analisando a viabilidade de produzir o biocombustível a partir da polpa de pêssego que não é utilizada pela indústria. Mas não é só para as frutas que o meio acadêmico está olhando.

Nos EUA, cientistas já estão fabricando etanol a com switchgrass, uma gramínea de crescimento rápido comum nas grandes planícies norte-americanas.

E não é só os EUA que estão descobrindo diferentes matérias-primas. Na Universidade Federal de Tocantins, o professor Márcio Silveira descobriu que o amido da batatadoce também pode ser fonte de etanol. Tanto é que a Secretaria de Agricultura do Tocantins (Seagro) firmou convênio com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a UFT, a Eletronorte, o Sebrae e o Instituto Ecológica para construção de miniusinas que beneficiarão pequenos produtores agrícolas. Outra descoberta veio do Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana (FEI).

Alunos da instituição fizeram estudos com a casca da banana e obtiveram bons resultados. A partir da fermentação de um quilo do material, os estudantes conseguiram fabricar entre 127ml e 190 ml do combustível. Agora é só esperar para saber qual será a próxima descoberta.

REFERÊNCIAS

http://www.terra.com.br/revistadinheirorural/edicoes/57/artigo143190-1.htm